O mercado de seguros
brasileiro começou
2007 em estado de
euforia. A razão é a
abertura do mercado de
resseguros, esperada há
mais dez anos e que
deve ser sancionada
pelo presidente Lula
nos próximos dias.
Algumas resseguradoras
estrangeiras já
prometem novos
investimentos. Outras,
como a Partner Re, se
preparam para entrar
no país. Especula-se
que os investimentos
do setor podem superar
US$ 5 bilhões.
O IRB Brasil Re,
empresa estatal e
detentor do monopólio
do resseguro no
Brasil, também já se
prepara para o novo
cenário. Fará novo
concurso em fevereiro
e resolveu antecipar a
implementação de uma
plataforma eletrônica
de operações.
"É um
momento ímpar do
mercado", destaca
Walter Polido, diretor
da Munich Re, maior
resseguradora do
mundo.
"Certamente
o capital estrangeiro
ficará estimulado a
aportar no
Brasil", avalia.
A Munich já começou
a investir no Brasil,
destaca seu
presidente, Kurt Müller.
A empresa, no país há
10 anos, contratou
especialistas e já
conta com 25
empregados. Segundo os
dois executivos, a
evolução do mercado
brasileiro após a
abertura vai ditar os
novos investimentos da
resseguradora.
A Mapfre Re,
outra grande
resseguradora global,
promete em um primeiro
momento contratar
novos profissionais
para o escritório de
representação que
tem em São Paulo.
Hoje, Ricardo Mariano
toca as operações.
Na sua avaliação, o
fundamental para
decidir novos
investimentos é a
regulamentação para
o setor que a
Superintendência de
Seguros Privados
(Susep) fará após a
sanção presidencial.
Outra dúvida do
setor é com um item
específico do projeto
de lei, o parágrafo
23. O item diz que as
seguradoras que têm
participação no
capital do IRB, como a
(com 21%), podem
vender a participação
e abrir um
ressegurador local.
Caso isso aconteça, a
União fica obrigada a
fazer aporte de igual
valor no IRB. Ou seja,
o governo teria gastos
extras. A expectativa
é que este ponto seja
vetado por Lula.
Comenta-se que o
Senado aprovou o
projeto com este item
porque ficou acertado
que Lula o vetaria.
O projeto
estabelece três
modalidades pelas
quais os
resseguradores
estrangeiros poderão
operar no Brasil -
local, admitido e
eventual. O
ressegurador local será
a empresa estabelecida
no país, com capital
mínimo e submetido às
mesmas regras para as
empresas brasileiras.
Para o ressegurador
local, há uma reserva
de mercado de 60% das
operações por três
anos. Hoje, o IRB é o
único ressegurador
local autorizado a
operar aqui.
Os admitidos serão
os resseguradores
estrangeiros que
decidam manter apenas
um escritório de
representação no país.
Já o eventual poderá
ou não ter escritório
local, porém terá
acesso restrito a negócios
no país.
As resseguradora
admitidas tendem a ser
a maioria no mercado,
avalia Henrique Abreu
de Oliveira, responsável
pelas operações no
Brasil da gigante
mundial Swiss Re.
Segundo ele, o mercado
ressegurador costuma
concentrar o capital
em poucos países. A
própria Swiss, diz,
tem ressegurador nos
Estados Unidos e em
poucos países da
Europa. Mesmo assim,
opera globalmente. Ele
também cita o México
e a Argentina, onde as
admitidas são a
maioria.
Fabio Corrias,
gerente executivo da
Marsh, uma das maiores
corretoras do mundo,
cita o fato de o
Brasil ser pouco
exposto a catástrofes
como outro fator
atrativo para as
resseguradoras
estrangeiras. Em 1997,
começou o processo de
privatização do IRB.
Em 2000 foi abortado
por uma decisão do
Supremo Tribunal
Federal (STF). Na época,
com a expectativa da
abertura, o Brasil
chegou a ter 21 escritórios
de representação de
resseguradoras
estrangeiras. Com a
frustração, muitas
deixaram o país.
Hoje, nove empresas
estão aqui. O mercado
acredita que esse número
pode dobrar já este
ano.
Corrias, da
Marsh, diz que o
Brasil vai ficar mais
exposto aos preços
globais de resseguro.
Com o monopólio, os
preços aqui eram
menos voláteis. Mesmo
assim, o IRB vem
apresentando bons
resultados. Até
novembro de 2006,
emitiu prêmios de R$
2,6 bilhões e lucrou
R$ 293 milhões. O
mercado global de
resseguro movimenta
mais de US$ 150 bilhões
por ano. |